“Monte-Vide-Eu” seria uma frase pronunciada por um marinheiro português ao avistar o Monte ou “Cerro” de Montevidéu. Esta versão, apesar de não ser comprovada pela ciência e história formal, funciona como um belo mito para começar um filme e tentar redescobrir o Monte da mesma forma que aquele marinheiro fez – só que desta vez, com uma câmera Super 8mm. Inspirado no livro “As Cidades Invisíveis” de Italo Calvino, o documentário pode descobrir embaixo do Monte uma cidade melancólica, mas que possui a beleza do já foi e do que não se sabe se vai vir. Dizem que a capital do Uruguai foi uma das cidades mais modernas em determinado tempo histórico, assim como uma câmera de película Super 8mm foi sinônimo de modernidade e avanço tecnológico nos anos 1970 até 1980. Apesar do uso quase extinto, o mágico do Super 8 é aquele momento nostálgico das imagens esteticamente granuladas, a textura da película e a simplicidade da contemplação; momentos semelhantes ao que se sente ficando sentado numa praça de Montevidéu, onde a família se juntava em torno de um projetor para relembrar um passado. Não parece coincidência que o nome da principal avenida da cidade, 18 de Julho, tenha o mesmo número que a quantidade de quadros com que se filme em Super 8mm – 18 frames por segundo. O documentário foi produzido por José Manuel Sappino e Osvaldo Luciano Reis em 2010, pela Unisul.